Desafios da substituição de fluídos refrigerantes do tipo HCFC como R22

Os fluídos refrigerantes são parte integrante e fundamentais para o funcionamento dos sistemas de Climatização e Refrigeração, tendo evoluído ao longo do tempo, especialmente buscando novos fluídos com maior eficiência energética, seguranças nas operações e, mais recentemente, em função do impacto ambiental relacionado.

Os primeiros fluídos desenvolvidos eram do tipo CFCs, com alto potencial de destruição da camada de ozônio (ODP) e alto potencial de contribuir para o aquecimento global (GWP), tendo sido proibido o uso de fluídos com essas características a partir da assinatura do Protocolo de Kyoto, quando foram substituídos por fluídos refrigerantes do tipo HCFCs, com baixo potencial de ODP, mas ainda alto GWP.

Para substituir os fluídos do tipo HCFCs, a partir do Protocolo de Montreal, do qual o Brasil também é signatário, foram desenvolvidos os HFCs, que apresentam zero ODP, mas ainda alto GWP. Fluídos desse tipo também já estão sendo proibidos, especialmente na América do Norte e Europa, a partir do Protocolo de Kigali, sendo substituídos por fluídos do tipo HFOs com zero ODP e baixo GWP.

Além dos acima descritos, existem também os fluidos chamados de “naturais” como Amônia, Propano, Butano e CO2 que foram os primeiros fluidos utilizados e apresentam boas condições de sustentabilidade e eficiência energética, mas que exigem maiores cuidados no projeto, instalação e manutenção, especialmente para garantir a seguranças dos sistemas e dos operadores / usuários. Assim, desde o protocolo de Montreal que ocorreu em 1985 a pauta visando a proteção da camada de ozônio e redução do efeito estufa tem provocado mudanças nas legislações produtos e serviços que muitas vezes passam desapercebidos como o fato da indústria de cosméticos ter deixado de utilizar produtos CFC.

No mercado de HVAC-R não é diferente, os gases utilizados nos circuitos de refrigeração desde a geladeira até chillers dos sistemas centrais vem sendo alterados desde então isso porque em 1996 a utilização dos refrigerantes R11 e 12 que eram CFCs passaram a serem proibidos e passamos a utilizar o R22 que é um HCFC e este tem como “fase out “já em 2030, nos últimos anos o mercado tem utilizado o 134A e o 410 em substituição ao R22, mas estes também estão com os dias contados. Fora a sopa de números e letras, o fato é que os fluidos refrigerantes que passam a substituir os anteriores são produtos que trazem perda de eficiência térmica se implantados no equipamento antigo e mais antigamente quase todos os fabricantes utilizavam o mesmo tipo de refrigerante , agora este consenso já não existe mais , pois a presença de novos fluidos quase acompanha o lançamento do produto.

Além da questão de eficiência como o apelo do planeta é uma realidade criaram-se duas novas grandezas importantes para a avaliação do refrigerante, são elas o ODP que mede o potencial de destruição da camada de ozônio , variando de 0 a 1 e indicando que quanto menor o número menor o impacto, o GWP é uma métrica com relação ao impacto no aquecimento global , onde 1 é o padrão. O mercado de refrigeração e ar condicionado responde por aproximadamente 82% do consumo dos HCFCs que como dissemos terão menos disponibilidade com a proximidade da data limite, portanto as mudanças de refrigerante quando de um retrofit ou instalação nova é certa e todos nos interessados no planeta precisam entender os caminhos que o mercado esta propondo.

Assim, todas essas evoluções acima descritas de modo resumido, implicam em transformações para o mercado de HVAC-R como um todo, desde projetistas, instaladores, fornecedores, mas também para os clientes, que podem precisar conduzir atualizações ou até mesmo substituições em seus sistemas já instalados.

Apesar de que para cada caso devem ser consideradas as condições específicas de cada sistema e as necessidades e implicações relacionadas, os principais fatores na tomada de decisão são:

• Em casos de retrofit, buscar a compatibilidade do novo fluído com os sistemas já existentes;

• A facilidade de acesso para o novo fluído e a disponibilidade no mercado;

• Custos de implantação do sistema e a eficiência energética relacionada;

• As necessidades de operação do cliente;

• Manutenção Preventiva – grau de criticidade para fluidos tóxicos, inflamáveis, altas pressões.

O mercado de HVAC-R tem trabalhado para buscar soluções de maior eficiência energética e sustentabilidade, preservando a segurança das operações e confiabilidade dos sistemas. A SMACNA e todas as empresas vinculadas são parceiras de todo o setor, e buscam sempre os melhores resultados para seus clientes.

Autor: Eng. Ariel Gandelman

Revisão Técnica: Comitê de Artigos Técnicos SMACNA Brasil

Revisão de Texto: Ana Del Mar