Fluidos refrigerantes – protocolo de Montreal e Emenda de Kigali

Em sistemas de ar condicionado e refrigeração os fluidos refrigerantes são parte integrante e fundamentais para o funcionamento dos sistemas.

É o fluido que está na linha que efetivamente transporta o calor retirado do ambiente refrigerado para ser rejeitado lá fora. Os fluidos necessitam possuir propriedades físicas e químicas importantes para permitir o trabalho com eficiência, segurança e qualidade.

Algumas das características são:

  • Devem permitir o trabalho em baixas e altas temperaturas;
  • Devem possuir uma estrutura química muito estável, que não degrade com o passar do tempo ou com as temperaturas elevadas de descarga de compressores;
  • Permitir a mudança de estado físico de líquido para vapor e vapor para líquido em conjuntos de pressões e temperaturas que possam ser alcançadas com segurança.

Outras propriedades variam em função da aplicação como a segurança em relação à inflamabilidade ou toxicidade em caso de vazamento.

Além disso devem possuir características físicas que absorvam ou rejeitem o máximo possível de energia quando ocorrer a mudança de estado físico. Quanto maior a taxa de energia absorvida ou liberada por kg de fluido movimentado, maior será a eficiência energética do sistema.

Neste universo, alguns fluidos se destacaram no último século pela facilidade de trabalho, baixo custo, fácil obtenção no mercado e elevada eficiência energética, dentre eles os mais conhecidos são as famílias dos CFCs e HCFC, representados pelo R-12 e R-22 respectivamente.

Existem também fluidos naturais como Amônia, Propano, Butano e CO2 que foram os primeiros fluidos utilizados e que se mantém há mais de um século sendo aplicados pela indústria do setor de HVAC-R.

Nas últimas décadas, os fluidos CFC e mais recentemente a família HCFC têm passado por restrições de aplicação por conta dos efeitos de destruição da camada de Ozônio causado pela presença de flúor nestes elementos, que quando vazam, evaporam e sobem até as camadas mais altas da Estratosfera, onde o elemento Flúor reage com o ozônio, transformando em oxigênio e assim deixando nosso planeta exposto aos raios solares incidentes sem uma proteção direta.

Estas restrições aplicadas ao uso dos fluidos foram implantadas pelo Protocolo de Montreal, proposto pelas Nações Unidas e assinado em 1991. Desde então os fluidos do tipo CFCs já foram restringidos em todo o mundo, e a família HCFC vem passando por uma drástica redução. Nos países de 1º mundo os HCFCs já são proibidos. No Brasil a INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 4, DE 14 DE FEVEREIRO DE 2018 do Ministério do Meio Ambiente regulou a redução gradual da importação do R-22 a cada ano. A partir de 1º de janeiro de 2021, a cota de importação do R-22 foi reduzida em 51,6 %:

III – a partir de 1° de janeiro de 2021, a cota total de HCFC será reduzida em 51,60% (cinquenta e um vírgula sessenta por cento) em relação à linha de base, com a redução de 27,10% (vinte e sete vírgula dez por cento) da cota específica do HCFC-22 em relação à linha de base dessa substância;

Seguindo a evolução das restrições às substâncias com potencial dano à natureza, em 2016, em Ruanda na África, foi assinada a Emeda de Kigali. Ela tem por objetivo restringir também o uso de fluidos que exigem grandes quantidades de toneladas de carbono para serem produzidos. Esta emenda se aplica aos fluidos que não possuem Flúor em sua composição, ou seja, não agridem a Camada de Ozônio mas que contribuem para o Efeito Estufa e Aquecimento Global.

Estes fluidos fazem parte da família dos HFCs.

Desde então as tecnologias dos fluidos têm evoluído muito rapidamente para encontrar fórmulas de substâncias que garantam alta eficiência energética e não agridam a natureza. Também o uso de fluidos naturais tem passado por uma grande revolução nos últimos anos, cada vez sendo mais aplicados e com mais eficiência.

A SMACNA participa ativamente desta evolução mundial, desde a capacitação de profissionais no mercado para que estejam preparados para as mudanças e com empresas associadas com a qualificação necessária para trabalhar em sistemas cada vez mais eficientes e seguros.

Autor: Eng. Ariel Gandelman

Revisão Técnica: Felipe Raats Daud e João Carlos Correa